Interrupção voluntária da lucidez
Sem o limiar da alma,
permanecemos límpidos, como lençóis de cloro subterrâneos,
pálidos, ainda no instante em que surpreendemos
uma ponta do susto original que nos separa da pedra, do vento
e da poeira sua simbiose.
Mas é por ser eu e não nós quem aqui pode ser,
que descubro e aceito a simbiose às coisas sempre aquém do limiar:
um momento de interrupção
que num momento me apaga e reconstrói.
Pensei ver-me desaparecer, fluir através do mundo
como se chamasse irmão ao chão que porventura pisasse.
Porventura, era antes o próprio chão quem me chamava irmão:
é difícil ver claro quando a alma se dissolve
e tão ténue é ela, que num instante tudo robotiza-se
e o estranhamento desta palavra é o seu próprio sentir-se
e um incomensurável espaço entre eu e nós faz-se.
Mas foi só um instante:
aqui, sempre soube que o nós tem de ser,
precisamente por só poder ser eu quem aqui pode ser.
pálidos, ainda no instante em que surpreendemos
uma ponta do susto original que nos separa da pedra, do vento
e da poeira sua simbiose.
Mas é por ser eu e não nós quem aqui pode ser,
que descubro e aceito a simbiose às coisas sempre aquém do limiar:
um momento de interrupção
que num momento me apaga e reconstrói.
Pensei ver-me desaparecer, fluir através do mundo
como se chamasse irmão ao chão que porventura pisasse.
Porventura, era antes o próprio chão quem me chamava irmão:
é difícil ver claro quando a alma se dissolve
e tão ténue é ela, que num instante tudo robotiza-se
e o estranhamento desta palavra é o seu próprio sentir-se
e um incomensurável espaço entre eu e nós faz-se.
Mas foi só um instante:
aqui, sempre soube que o nós tem de ser,
precisamente por só poder ser eu quem aqui pode ser.
bruno ribeiro de almeida
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