sexta-feira, novembro 11, 2005

No Procênio

Talvez eu não devesse tocar fogo no rabo do capeta

Talvez eu não devesse gorar os planos divinos e enrabar santos e anjos de uma vez

Talvez eu não devesse golpear com lâmina fina o ventre do céu

Talvez eu não devesse soltar minhas górgonas furiosas para o gol do desempate

Talvez eu não devesse esticar o arco até o limite da sorte e olhar no centro dos olhos da medusa antes do gozo

Talvez eu não devesse vomitar na catacrese e mandar o mecenas à merda

Talvez eu não devesse assumir minha insignificância, declarar os nós na garganta, peidar númenos pressupostos e guilhotinar o self control

Talvez eu não devesse inverter o espelho, quebrar a face branca e enrugada da moral e uivar para qualquer uma das luas de saturno

Talvez eu não devesse tocar blues e jazz no meu violão de oito cordas ou cantar com meu piano exageradamente bêbado

Talvez eu não devesse mumificar a musa e lamber estriquinina no fuzuê dessas tribos de geena

Talvez, quando eu estiver vencido esta parada

Tiver acertado o alvo

sóbrio de poesia

eu saia de cena