aqui jazz carijó
sambaqui e samba lá
fox trotte kamayurá
aguardente em pó
MACONDA
é onde estabeleço-me
entre precipício e começo
hospício é meu endereço
por isso lhe dei meu preço
prego velho na mão de cristo
será esse nosso incesto
será esse nosso início
os signos que não consigno
Quero a estridência no poema
Capaz de estilhaçar o cristal do tempo
Cometer o crime de todas as penas
Hemorróidas no cu do vento
Quero merda pura na drogaria
Veneno no oco do sempre
Que exale no ventre da poesia
O fedor do coro dos contentes
Quero os versos mais porcarias
Pra igualar à burrice dos inocentes
Pragas e pestes na liturgia
Esquartejar o corpo e a mente
Coceiras na unha da alegria
Pirar os deuses mais freqüentes
E desossar a vertente do dia
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Quero embriagar as nuvens negras
Raspar os pelos da musa nua
Espinhos de aço na fina trégua
Cuspir no centro do olho da lua
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Esticar o arco final da légua
E corromper o que se cultua
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hai kais indefectíveis
nem réu
nem rei
serei
nem pá
nem lavra
talvez
nem céu
nem água
darei
ao que me acaba
abracadabra
piolho de cobra
pinga de cana
tomei
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as reverências são verdes
preservadas ao chão
por isso pulo
do cécimo andar
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tá combinado
hoje é platão meu
amanhã
sócrates no teu
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feliz aquele que pula
esmaga ovos e furulas
enquanto atropela a rua
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(Mário Sá)